Janeiro branco é o mês de conscientização, valorização e promoção da saúde mental; ou seja, da saúde cognitiva e emocional. Isso tem a ver com a saúde sistêmica (o organismo como um todo), com o bem estar, com as atitudes e os comportamentos equilibrados e saudáveis.
O movimento Janeiro branco foi inspirado no Outubro Rosa e no Novembro Azul. Ele Começou em Minas gerais e já conquistou vários países. É um convite para pensar e repensar a vida, mas aqui no site nós vamos pensar a saúde mental na perspectiva da nutrição e da alimentação.
Mas antes eu faço questão de diferenciar nutrição e alimentação porque parece ser a mesma coisa mais não é, como já expliquei em um post anterior. Recapitulando, nutrição corresponde ao metabolismo e as necessidades nutricionais; depende de um conjunto de processos metabólicos. Já alimentação é tem a ver com comportamento, escolhas, memória, tradição, prazer sensorial. Dito isso, vamos ver como a alimentação pode influenciar na saúde mental.
Várias pesquisas têm evidenciado o quanto os nutrientes/alimentos interferem na saúde mental, apontando para a relação entre cérebro-intestino na qual a microbiota (conjunto de microrganismos) tem papel importante no bom funcionamento do cérebro, interferindo na cognição, no comportamento, no humor. Parece estranho, mas os pesquisadores associaram elevada taxa de ansiedade e depressão em pessoas com doenças inflamatórias intestinais, cuja microbiota é toda alterada. Esse fato levou a novos estudos que ainda não elucidaram os mecanismos relacionados à microbiota nos processos de humor e neurológicos.
Algumas pesquisas apresentam resultados promissores relacionando menor taxa de depressão com padrões dietéticos caracterizados por uma ingestão “abundante de vegetais, frutas, cereais, nozes, sementes e leguminosas, além de quantidades moderadas de laticínios, ovos, peixes e gorduras saturadas”; grupos de alimentos são encontrados nas dietas mediterrânea, japonesa e norueguesa, conforme citado por Bear e col (2020).
Dentre os nutrientes relacionados à depressão estão os minerais zinco, magnésio, selênio, ferro; além das vitaminas do complexo B – B12, B6, B9 (ácido fólico), e as vitamina D e E. Outras substâncias têm apresentado efeitos ansiolíticos e antidepressivos, entre eles a vitamina C, os flavonoides e ácidos graxos ômega-3.
Embora os estudos sejam complexos – dependem de resultados clínicos e comportamentais, além de fatores como as questões psicológicas, o sono e uso de medicamento – eles estão em andamento. Enquanto isso, nós aguardarmos as maiores evidencias e vamos melhorando a nossa alimentação e prevenindo as possíveis alterações na nossa saúde mental.
Bibliografia consultada
https://www.health.harvard.edu/blog/nutritional-psychiatry-your-brain-on-food-201511168626
Bear et al. The Role of the Gut Microbiota in Dietary Interventions for Depression and Anxiety Adv Nutr. 2020 Jul; 11(4): 890–907.