O câncer é um grupo de doenças com mais de 200 diferentes tipos. De etiologia complexa e multifatorial, o câncer muitas vezes é insidioso e tardiamente diagnosticado, tendo a perda de peso espontânea como queixa recorrente. Seus tratamentos também são complexos e por vezes dolorosos, com respostas terapêuticas que dependem de alguns fatores, inclusive do estado nutricional do doente. Por isso, identificar o risco de desnutrição durante o(s) tratamento(s) é imprescindível.
A assistência nutricional é mais uma forma de cuidado e deve estar presente em todas as fases do câncer em virtude das alterações metabólicas pertinentes à própria doença e aos tratamentos, que em alguma medida afetam a alimentação do doente, podendo causar ou agravar a desnutrição e, como consequência, impactar negativamente no prognóstico.
A assistência nutricional é caracterizada por um conjunto de ações que envolvem: triagem, avaliação e diagnóstico do estado nutricional, intervenção, monitoramento e planejamento. Cada uma dessas ações requer abordagem centrada no paciente, comunicação efetiva e critérios de segurança, que favoreçam a execução dos planos de cuidados relacionados à nutrição e dietética, bem como aos cuidados médicos e de enfermagem.
Independentemente do tipo de tratamento e da sua finalidade – curativa ou paliativa – a partir da avaliação nutricional, o Nutricionista tem condições de conhecer a história clinica e alimentar do paciente, a queixas, as necessidade nutricionais, a preferências alimentares, as dúvidas e os medos, entre outras informações pertinentes ao cuidado. Esses dados ajudam no diagnóstico nutricional, na escolha da melhor via de alimentação, no planejamento dietético, nas adequações nutricionais, etc., seja durante a internação, o atendimento ambulatorial ou domiciliar, ou ainda, na alta hospitalar. Do mesmo modo, contribui para a avaliação multidimensional, indispensável ao paciente oncológico.
As intervenções nutricionais realizadas em tempo oportuno trazem muitos benefícios ao desfecho clínico e à qualidade de vida do doente, tais como:
1) Prevenção e/ou combate da desnutrição
2) Prevenção e/ou controle de sintomas durante os tratamentos anticâncer
3) Prevenção e/ou redução de complicações no perioperatório
4) Melhor capacidade funcional
5) Melhor resposta terapêutica
Portanto, a assistência nutricional quando realizada de forma sistemática contribui para tomadas de decisão seguras dentro de uma perspectiva que prima pela excelência. Além disso, agrega valor ao doente, pois a alimentação e a nutrição estão relacionadas à qualidade de vida e à dignidade das pessoas.
Literatura sugerida
Macris PC, Schilling K, Palko R. Academy of Nutrition and Dietetics: Revised 2017 Standards of Practice and Standards of Professional Performance for Registered Dietitian Nutritionists (Competent, Proficient, and Expert) in Oncology Nutrition. J Acad Nutr Diet 2018, 118(4): 736-748.e42
Reber E, Gomes F, Vasiloglou MF, et.al. Nutritional Risk Screening and Assessment. J Clin Med, 2019 Jul; 8(7): 1065.